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“Salvou a minha vida”, diz Nobru, jogador do Corinthians, sobre Free Fire

Nobru falou sobre a vida e carreira em entrevista exclusiva ao Tropa Free Fire

Com apenas 19 anos, Bruno “Nobru” Goes já está recheado de histórias pra contar. Uma das principais figuras do Free Fire no Brasil e no mundo, o jogador do Corinthians chegou ao cenário competitivo sem querer depois de ter deixado o futebol e um curso de programação e HTML pra trás.


Em entrevista exclusiva à Tropa Free Fire, o jogador falou sobre como o battle royale salvou a vida dele, além de dar detalhes sobre o início da carreira de streamer e profissional a frente do Timão, time do coração de Nobru.

O PRIMEIRO CONTATO COM O FREE FIRE

Com uma mudança repentina na vida, Nobru mostrou que não teve medo de arriscar na hora de largar tudo, apesar de todo o dano que isso quase chegou a causar. Anos depois, o jogador revelou a importância que o Free Fire teve para que ele conseguisse se manter bem em um momento difícil.

“O Free Fire basicamente salvou a minha vida, como vai salvar a vida de muitas pessoas. Meu primeiro contato com o jogo foi com meus 17 ou 18 anos. Eu havia acabado de deixar a minha carreira de jogador de futebol, onde joguei no Juventus SP, São José, Penapolense e muitos outros times”.

“Na época eu parei pra pensar que estava dentro de um clube, mas que não era algo fixo. E se eu fosse dar entrevista de emprego falaria o que? Que joguei em algum time? Não mudaria nada pra mim, então resolvi estudar. Fui tentar uma bolsa em uma universidade. Sempre gostei muito de tecnologia, então consegui 50% de bolsa em Análise de Desenvolvimento de Sistemas”.

“O Free Fire basicamente salvou a minha vida, como vai salvar a vida de muitas pessoas”

Nobru

Estudioso e ainda mais apaixonado por futebol, o Free Fire acabou sendo a terceira opção de Nobru. De acordo com ele, era pra ser apenas uma distração pelos dias em que ficava em casa sem fazer nada, mas viu a coisa mudar de proporção de repente.

“Pedi ajuda pro meu pai, mas ele estava desempregado e não conseguiu me ajudar. Minha mãe, vendedora, não tem renda estável. E aí eu acabei não indo. O tempo que era pra eu estar estudando na faculdade, que não consegui entrar, passei jogando Free Fire em casa. Foi um refúgio da depressão, porque a partir do momento que eu saí do futebol, que era o meu trabalho, um sonho de moleque, e a faculdade não deu certo, eu me perguntei o que ia fazer da minha vida. Então começou a rolar algumas coisas na minha cabeça e eu vejo que o Free Fire ajudou bastante com isso”.

INÍCIO DA CARREIRA

Após mudar totalmente o estilo de vida, o jogador campeão do mundo de Free Fire confessou que trouxe muito do futebol para a vida pessoal, principalmente na vontade de fazer o melhor.

“Em tudo na minha vida eu sempre botei na cabeça que eu tinha que dar o meu melhor. Então se eu ia jogar bola e entrasse em campo, daria o meu melhor. Então por quê não dar o meu melhor no jogo? A partir desse momento eu passei a levar a sério, não era mais uma brincadeira. Não foi eu que notei que iria dar certo e que tinha potencial, foram as pessoas que foram chegando até mim”.

Nobru revelou que não era apegado a celular | Foto: Reprodução/Instagram

“Free Fire foi, e é até hoje, um fenômeno. Em qualquer lugar que você fosse da escola o pessoal estava conversando. E eu queria estar dentro, entende? Então foi um dos motivos que me fez ingressar no jogo. E aí como eu estava com muitas pessoas que comentavam sobre o jogo, vi muitas pessoas comentando sobre mim”.

Mesmo com a pouca idade, Nobru revelou o quanto estava preparado para entrar de cabeça no novo plano que resolveu seguir. Ainda assim, revelou que todo o sucesso que atingiu aconteceu, principalmente, após se inspirar em Lucio “Cerol” dos Santos, streamer do Corinthians e um dos maiores do mundo em Free Fire.

“Tem um colega meu, o Cerol, que foi surreal o que aconteceu com a vida dele. Acompanho ele desde o início, quando tinha 10 pessoas assistindo a live dele. E foi nisso que parei e pensei: se eu acompanho a carreira toda do cara, eu vi como foi e vi como tem que ser feito, por quê não dar certo comigo também? Foi nisso que me joguei de cabeça”.

OS PAIS E O FREE FIRE

Apesar do sucesso atual e de ser inspiração para milhares de jovens, Nobru não teve caminho aberto para o jogo no início. Além disso, riu ao lembrar que precisou pegar o celular do pai escondido diversas vezes para conseguir jogar Free Fire.

“Pra mim, não tem nada melhor que o estudo”

Nobru

“Foi quando eu comecei a jogar, então eu tinha que pegar o celular do meu pai. Ele queria usar pra ligar pra alguém ou conseguir emprego e ficava impossível porque eu jogava o dia inteiro. Mas não vou julgar eles. Eu entendo essa preocupação. Tem pessoas que desanimam por conta disso, mas eu não. Isso me motivou. Eu fiz acontecer pra eles colocarem credibilidade em mim”.

Ironicamente, o melhor jogador do mundo de Free Fire confessou que nem sempre foi assim. Apesar de gostar muito de tecnologia, Nobru lembrou que preferia ficar na rua do que em casa com a cara enfiada em um celular.

“Meu pai com 30 e poucos anos, minha mãe com 40 e poucos, não tem cabeça pra isso. Eles não vêm de uma época em que tudo é tecnologia, jogos e live. Foi difícil no começo. Aqui na quebrada eu não tinha essa de ficar no celular… Ficava soltando pipa e jogando bola. Quando eu e minha mãe fomos assaltados e eu perdi o celular disse que não precisava me dar outro porque não tinha necessidade”.

Após conseguir a “liberação” dos pais para jogar livremente, o jogador do Corinthians revelou que, hoje, o trabalho é a sua maior prioridade, principalmente por ser responsável pelo sustento da família.

Basicamente meu trabalho é minha prioridade. Eu sei que minha família está em primeiro lugar, mas sei que eles, hoje em dia, dependem do meu trabalho. Então meu trabalho é o sustento da minha família, do meu sustento. Hoje em dia, independente da fama, eu jamais vou perder minha essência e esquecer minha origem. Quando eu não tinha algo financeiramente, eu tinha que estar arrumando a casa. Assim como eu ajudo com a minha irmã, que já está em uma escola particular. E, pra mim, não tem nada melhor que o estudo”.

NOBRU E CARREIRA

Mesmo longe da carreira de futebol, o pro player de Free Fire mostrou que trouxe muitas coisas do esporte com a bola nos pés, principalmente o foco na competição.

Eu sempre fui um cara que gosto de vencer, mas sei que as melhores vitórias são as derrotas. Porque a partir do momento que você perde, você quer se empenhar mais, você quer melhorar. Eu estou em busca da perfeição. Eu tenho na cabeça que sou uma máquina e quero estar dando o meu melhor”.

Jogador é a principal figura do Corinthians no Free Fire |Foto: Reprodução/Instagram

Para virar streamer você tem três opções: ou você é engraçado e não joga muito, ou você joga muito e não é engraçado, ou é os dois. Eu tentei trazer isso pra mim. Além de estar jogando, eu tento fazer uma resenha, conversar com o pessoal. Então eu não levava tanto para o lado competitivo assim. Mas o meu público me cobrava demais, falava que eu jogava muito bem e perguntava por que eu não jogava campeonato“.

Hoje melhor jogador do mundo, Nobru revelou que escutou muitas piadas antes de entrar pro cenário competitivo, principalmente quando as pessoas falavam “que era jogador de ranqueada e que queria ver em campeonato”.

“Foi quando surgiu a oportunidade de estar no Corinthians. Sou corintiano roxo, então foi uma proposta irrecusável. Estar representando essa camisa de um clube que eu amo de paixão deu super certo”.

PONTO ALTO

Perto de completar seis meses depois do título da Free Fire World Series pelo Corinthians, Nobru revelou que “ainda não caiu a ficha sobre o título”, além de assistir com frequência um vídeo que fez na comemoração e que ficou para a memória.

“Se eu for ser sincero com você ainda não caiu a ficha. A apresentadora falando e eu só querendo colocar meu stories. Então quando ela falou: “você está gravando stories? Você é o melhor do mundo”. É um vídeo que eu vejo toda semana, todo mês, porque sempre me motiva”.

Apesar de ter sido escolhido como o melhor jogador do mundo na competição, ele reconhece, principalmente, o trabalho da equipe durante toda a competição. Além disso, revela um pouco sobre os bastidores e confessa que “estava desanimado”.

“Foi surreal. Foi a melhor experiência da minha vida”

Nobru

Eu não jogo sozinho, dependo muito da minha equipe. Quando a gente estava no campeonato, na penúltima queda, já não tinha confiança no time. Eu falava pro meu colega de equipe pra gente ir pra cima, mas eu não estava transmitindo energia. Eu estava tentando animar ele, mas desanimado”.

A gente não tinha vencido nenhuma queda e teríamos que ganhar duas de qualquer jeito. Houve uma substituição no meu time e a partir do momento que o Pires entrou ele estava em outro mundo que parecia que não era o nosso. Levou a energia lá pra cima.

E foi quando o público começou a gritar. Foi quando deu aquele arrepio e eu pensei que seria agora e de qualquer jeito. Foi quando ganhamos as duas últimas e fomos campeões mundiais. Foi surreal. Foi a melhor experiência da minha vida.

O NASCIMENTO DE UM ÍDOLO

Nobru possui apenas 19 anos, mas já carrega uma multidão de fãs. Com 4 milhões de seguidores apenas no Instagram, o jogador reconhece que se tornou uma inspiração para os mais jovens.

“Sei que virei um ídolo não só na comunidade, mas no mundo. É surreal você ver um molequinho na viela jogando Free Fire, dizendo que quer ser igual ao Nobru quando crescer. Você acaba virando inspiração pra molecada. Não esperava por isso. Como o Free Fire foi um fenômeno, fui um dos poucos que conseguiu acompanhar esse crescimento do Free Fire. De acordo com que o jogo cresce, eu cresço e o canal cresce”.

Jogador escuta crianças dizendo que querem ser “igual ao Nobru” | Foto: Reprodução/Instagram

Contudo, apesar de todo apego às raízes e aos mais jovens na comunidade onde mora em São Paulo, Nobru revelou que pode se mudar em breve para conseguir uma melhor qualidade de trabalho.

Eu to passando problemas de internet, porque ela tem caído e coisas do tipo. Ela é boa, mas foi puxada da avenida pra minha casa. Porque se fosse pra instalar na minha casa, você pode ligar pra qualquer operadora que eles não vem porque falam que é área de risco. Eu tenho esse problema e por isso não sei se vou ficar aqui. Estou pensando em me mudar, mas pensando no meu público”.

TREINO E ROTINA DE STREAMER

O nosso treino começa 14h, depois tem treino 17h, 18h e 22h. Mas além de jogador profissional eu tenho live, então quando a gente termina de treinar eu tenho que trabalhar. Então vou até mais tarde pra acordar cedo no outro dia. Está puxado, mas é consequência.

Normalmente é uma coisa ou outra, mas eu não, eu quero ser os dois. Mas é algo que não me sobrecarrega, é só levantar, jogar uma água na cara e ir pra cima.

A partir do momento que eu entrei na Twitch, eu aprendi muitas coisas. Por exemplo, o Alanzoka, qualquer tipo de live que ele faz, ele pega público. O pessoal tá com ele, dando risada, então creio que tudo que a gente faz o pessoal quer fazer, tudo que falamos, eles querem falar.

Eu tento não ficar preso somente em um jogo. Então eu to na Twitch, eu vou jogar um Call of Duty, um GTA, um VALORANT. O pessoal tem gostado e serve pra dar uma esfriada na cabeça.

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