Equipe utilizou esquema ilegal para tentar chegar à Série A da LBFF e Garena abafou caso, diz site

Uma bomba caiu no cenário brasileiro de Free Fire, nesta exta-feira (5), o “Blog do Chandy” no ge trouxe à tona uma entrevista do ex-CEO da Atl Gamers, André “AndréTV” Felipe, contando que as equipes que comandavam utilizaram um esquema ilegal a fim de tentar chegar à Série A da Liga Brasileira de Free Fire (LBFF). Ainda de acordo com a publicação, a Garena abafou o caso.

“Assumo que fiz de tudo para subir para a Série A. Admito. Não via limites para isso“, afirmou o executivo na entrevista. AndréTV confessou que, quando dirigia a Alt Gamers, a equipe abusou do esquema chamado telamento, quando uma participante da competição tem acesso à transmissão sem atraso, o famoso delay. Desta forma, era possível ver a movimentação das adversárias de forma antecipada.

Segundo AndréTV, a Alt Gamers utilizou o esquema nas Séries de Acesso válidas para as Etapa 4 e 5 da LBFF. Contudo, em ambos, os times não conseguiram se classificar para a Série A. Na entrevista para o ge, o executivo disse desconfiar que outros times abusaram do telamento.

O ex-CEO da Alt Gamers revelou também conluio com a NEWxGaming a fim de combinar jogadas que iria favorecer ambas as equipes, que estavam utilizando o telamento. “Estávamos próximos da NEWx. Os dirigentes não tinham conhecimento, mas houve um acordo com a comissão técnica do time. Fizemos um acordo que a preferência de acesso era da Alt Gamers. Chegou o dia de acesso, novamente recebemos o link e colocamos para todos os jogadores assistirem. Inclusive, no dia da Série de Acesso, preparamos uma televisão. Orientava meus jogadores e estava em call com o Krota, treinador da NewX. Mas não tivemos sucesso”, afirmou.

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AJUDADO POR EX-CASTER

Segundo AndréTV, o link da transmissão sem atraso era passado pelo ex-casters da LBFF Marcos “SOLOTOV69” Paulo, que deixou a equipe de casters da competição no fim de agosto, sendo substituído por Handryus “JokerPOA” Marques. A intenção é que o ex-CEO da Alt Gamers e o caster se tornassem sócios caso o time se classificasse para a Série A. O motivo da mudança não foi revelado, mas, segundo o “Blog do Chandy”, houve uma reunião com AndréTV, em meados daquele mês, contando com a participação de dois importantes nomes da Garena: Vinícius Lima e Philipe “PH Suman” Monteiro. Nela, o ex-CEO revelou o esquema.

“Tinha proximidade com o caster da LBFF, o Solotov. Através de um trabalho numa copa que organizei e esse contato ficou mais próximo. Quando me mudei para São Paulo e, com as transmissões remotas, nós tivemos conhecimento de um link sem delay, que era disponibilizado em todas as partidas da Série A. O próprio Solotov comunicou a gente sobre isso. Tinha um acordo verbal com Solotov que, caso conseguíssemos o acesso, iríamos melhorar para todo mundo, inclusive para que ele pudesse ganhar mais que na Garena“, explicou.

AndréTV resolveu revelar tudo para a Garena após um desentendimento que teve com os jogadores para disputarem a Etapa 5 da LBFF, vencida pela B4. Os jogadores decidiram jogar pelo Vasco. O executivo disse que tinha valores a receber de uma possível divisão de premios com os jogadores que não foram honrados.

“Minha vida estava indo para o buraco. Mais dívida, mais estresse. Fiquei sabendo que a Garena estava investigando o telamento. O Kroata (ex-técnico da NewXGaming) me informou que tinha contado tudo. E decidi fazer o mesmo. Só pensava em proteger o Solotov, inclusive criei uma história para tirar a culpa dele“, contou.

Segundo o executivo, teve “uma tentativa de proteger os jogadores, que estavam agora no Vasco. Foram duas (reuniões), cada uma com quase 58 minutos. Assumi tudo, falei a verdade, exceto o caso do Solotov, que eu queria proteger, até pelo vínculo. E reconheci que merecia o banimento. Pedi somente que gostaria de manter projetos fora da LBFF, mas ainda com Free Fire“.

E A GARENA?

André-TV se reuniu com os executivos da Garena por duas vezes e, dias após tal reunião, fechou acordo para dar fim ao problema junto do ex-técnico da NEWx. Ambos receberiam banimento do competitivo da LBFF, mas que poderiam continuar trabalhando em outros projetos do Free Fire. Em relação aos jogadores, os mesmos não seriam punidos,

“Eles me fizeram propostas que poderiam atender demandas minhas, mas tinham ciência que outras equipes tinham o mesmo recurso. E eu falei minhas suspeitas, falei que não havia sido a primeira vez. Vinícius Lima disse que os jogadores não seriam banidos porque seriam colocados como coagidos. E não houve coação nenhuma na questão do telamento“, disse.

Procurada pelo “Blog do Chandy”, Garena se manifestou por meio de nota. A empresa não negou a existência do esquema.

“A Garena não pode fazer comentários sobre o sigilo de contratos, tampouco expor envolvidos em investigações. Em agosto, identificamos irregularidades com alguns profissionais associados à Liga Brasileira de Free Fire (LBFF). As medidas cabíveis foram imediatamente tomadas para lidar com o assunto, uma vez descoberto. Todos os envolvidos foram identificados, desligados ou suspensos de qualquer ligação com a LBFF e responderão pelos seus atos em todas as esferas apropriadas. Não há espaço para más condutas no Free Fire. Nós nos esforçamos constantemente para aperfeiçoar a integridade competitiva de todos os torneios de Free Fire. Continuaremos a aprimorar nossas medidas de segurança e auditoria para garantir que os jogadores possam continuar a desfrutar de uma experiência competitiva de Free Fire justa no Brasil”, disse a empresa.